ESPECIAL – Seis cenários que podem projetar o oeste da BA como grande produtor/exportador de proteína animal e um que trava essa perspectiva
Um passo para este processo foi dado – ainda que muito lento -, pelo SEBRAE-BA, por meio de sua Gerência no oeste da Bahia; o Sindicato Rural de Barreiras; pelos abatedouros Mauricéa e Frango de Ouro; pelo agente individual, digamos assim, do desenvolvimento econômico da região, Paulo Baqueiro; pela gerência local do Banco do Nordeste, e pela empresa deste jornalista, a Cerrado Editora Comunicação e Eventos/revista Cerrado Rural
Quando se trabalha com foco e comprometimento, se tem toda uma plataforma e ou uma vitrine da visão de futuro do empreendedor. É, por exemplo, o nosso caso, nestes quase 18 anos de divulgação, promoção e integração dos quatro estados que integram a região do MATOPIBA. No desenvolvimento do nosso projeto de realização, pela segunda vez, dos eventos conjuntos PISCISHOW & AVISULEITE, no ano que vem no oeste da Bahia, deparamo-nos com o artigo abaixo, produzido e publicado por nós no site da revista Cerrado Rural Agronegócios, em 06/11/2015.
É muito oportuno que se publique, que se leia. É mais um item que avaliza o nosso propósito. O oeste da Bahia continua sendo a bola da vez neste contexto e está tendo a sorte de ter administradores municipais com maior visão empreendedora nos seus principais municípios.
Eis a transcrição do artigo abaixo:
Por Antônio Oliveira
Primeiro cenário de uma história que promete muito para o oeste da Bahia:
De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o crescimento da população em centros urbanos em todo o mundo, aliado ao aumento de renda dos trabalhadores, fará com que a demanda por aves, bovinos, suínos e ovinos cresça em ritmo maior do que a por produtos agrícolas, do presente momento até 2023.
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Brasil é líder na exportação de carnes. O oeste pode abocanhar uma fatia desses mercados. (Foto: Divulgação) |
Neste contexto, o Brasil, que é líder mundial na exportação de carne, apresenta-se como um dos principais países com base sólida para atender a grande demanda mundial por proteína animal nos mercados asiáticos e africanos na próxima década.
Com seu imenso potencial de terras ainda a serem exploradas, idem recursos agrícolas e tecnologias de ponta, o Brasil tem tudo para ser o mais completo celeiro do mundo, atendendo a mercados que passaram a buscar uma alimentação mais nobre, após melhorarem de vida.
De acordo com o representante assistente da FAO no Brasil, Gustavo Chianca, o índice de insegurança alimentar no mundo vem diminuindo a cada ano, com milhões de pessoas saindo da linha de pobreza e passando a consumir carne, leite, ovos e derivados.
O relatório Perspectivas Agrícolas 2014/2023, divulgado em agosto do ano passado em Roma, revela que 75% da produção agropecuária adicional a ser consumida no mundo serão fornecidas por países da Ásia e da América Latina. Na condição de maior exportador de carne bovina e de aves, o Brasil é o alvo das atenções dos compradores internacionais.
Analistas conceituados no Brasil e no mundo avaliam que a procura mundial por carnes irá sustentar preços firmes no mundo, com possibilidade de chegar a níveis recordes. Em 2014 as exportações brasileiras de aves, bovinos e suínos somaram US$ 17, 5 bilhões, dos quais, US$ 10, 3 bilhões foram apurados com as exportações de produtos da avicultura (frango, pato, peru e outras aves).
Segundo cenário:
A FAO revela ainda que nos próximos dez anos, as aves devem desbancar os suínos e se tornar a carne mais consumida no mundo.
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O Sul e Sudeste do Brasil estão vendo sua produção avícula cair por falta de matéria prima para ração. (Foto: Divulgação) |
Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás são os quatro maiores produtores brasileiros de aves. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul perdeu a liderança, na última década, em razão da insuficiência na produção de milho.
De acordo com a Associação Gaúcha da Avicultura (Asgav), a falta deste grão impede o avanço da avicultura no Estado. A instituição revela que para alimentar a produção gaúcha de frangos e aves é preciso importar ao menos 2 milhões de toneladas do grão de outros Estados.
Com um sistema de sanidade avícola e biossegurança que impõe respeito em todo o mundo, o Brasil vende carne de frango para 155 países, tendo com mercados mais fortes a Arábia Saudita, União Europeia, Hong Kong e Japão.
Terceiro cenário:
Reportagem assinada pelo jornalista Ariosto Mesquita e publicada na edição de outubro deste ano na revista Agro DBO, mostra um cenário exemplar e promissor de diversificação de cultura para o equilíbrio do solo e das contas bancárias da propriedade rural.
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Além de tomate, grãos e boi, Iron Rodrigues produz frangos, uma das duas grandes fontes de renda na sua propriedade. (Foto: Divulgação) |
De acordo com a matéria, o médio produtor rural (para os padrões dos cerrados brasileiros), Iron de Lima Rodrigues, de Itaberaí, município goiano, a 110 quilômetros de Goiânia, tornou suas três fazendas naquele município num exemplo de diversificação de cultura, graças à aplicação de tecnologias de ponta, “temperadas com boas doses de audácia e coragem”.
Maior produtor individual de tomate industrial do Brasil, colhendo 55 mil toneladas do fruto por ano, o equivalente a 5% de toda a produção daquele Estado, ainda conforme a Agro DBO, ele dispõe de 1,3 mil hectares, metade dos quais irrigados em sistema intensivo, sendo 523 ha sob pivô central e 127 por irrigação subterrânea.
Além de cultivar tomate destinado às agroindústrias regionais, produz ainda soja; milho doce para indústria e silagem; sorgo; engorda mil bois/ano e – atenção médios produtores rurais dos cerrados da Bahia -, termina 23 mil frangos a cada 45 dias em sistema integrado.
Iron Rodrigues revelou ao repórter Ariosto Mesquita que 50% de as renda vêm dos grãos e da avicultura. “O cultivo de tomate fica com significativos 40%, enquanto a terminação de bovino de corte lhe responde por 10% de todo o seu faturamento”.
Ele justificou: “Diversifico as atividades para integrar umas às outras na tentativa de conseguir sustentabilidade técnica e financeira para o empreendimento”. Ainda conforme ele, estas operações simultâneas garantem uma espécie de seguro natural contra os altos e baixos do mercado, permitindo equilíbrio em seu planejamento orçamentário.
Ele completou ao Repórter: “Os grãos, como commodities, me oferecem a oportunidade de proteção de preço usando o mercado futuro; já no caso do tomate, faço parcerias com as indústrias prefixando a remuneração”.
Quarto cenário:
O oeste da Bahia reúne todas as condições para se tornar num dos grandes produtores e fornecedores de carnes de frango e suíno para os mercados nacionais e internacionais.
Para provar esta afirmação, comparo aqui todo o potencial agropecuário do oeste da Bahia com o potencial agropecuário da região Sudoeste de Goiás, que tem como polo o município de Rio Verde. Ambas têm praticamente as mesmas características edafoclimáticas, as mesmas culturas agrícolas, as mesmas histórias de implantação e evolução agroeconômica, tendo o oeste da Bahia algumas vantagens a mais: muita área ainda a ser explorada e sua localização privilegiada – praticamente no centro geodésico do Brasil e em conexão multimodal (no futuro) com as demais regiões do Brasil e aos principais portos litorâneos brasileiros.
Vejamos.
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Cada vez mais o oeste da Bahia aumenta sua produção de grãos, matéria-prima para frangos e suínos. (Foto: Divulgação |
Aquela região goiana, que tem como principal polo o município de Rio Verde, com seus 202 mil habitantes; tem altitude média de 748 metros; clima entre 20ºC e 35ºC; Produto Interno Bruto (PIB) de mais de R$ 15 bilhões – dos quais, R$ 6,264 bilhões são gerados por Rio Verde -; tem área plantada de soja de mais de 3 milhões de hectares, com produção de mais de 9 milhões de toneladas do grão, e mais de 700 mil hectares de milho, com produção de aproximadamente 5 milhões de toneladas.
Rio Verde é o terceiro maior PIB agropecuário do Brasil, atrás de Sorriso, no Mato Grosso – o 2º maior -, e São Desidério, no oeste da Bahia, o maior.
POTENCIAL DO SUDOESTE GOIANO PARA A PRODUÇÃO DE PROTEÍNA ANIMAL
Os plantéis de frango e de suíno crescem de acordo com o crescimento da produção da soja e do milho, principais bases de ração para eles. Em 2010 eram 718 mil cabeças, ante as 102 mil cabeças em 2001. O frango contava, em 2010, com 12.350,000 aves, ante os 3.230,000 registrados em 2001.
Observação: Todos estes números acima não são precisos, são aproximados.
Todo este potencial atraiu para a região, no ano 2000, a união de dois gigantes da agroindustrialização do frango e do suíno, a Perdigão e a Sadia, resultando na agroindústria BR Foods. Junto com este empreendimento, consequentemente, vieram, também do Sul do Brasil, 15 outras pequenas e médias indústrias e empresas prestadoras de serviços para as cadeias do frango e do suíno. São empresas de ramos diversificados como empresas agropecuárias, ferragistas (para as granjas integradas), de insumos, material de manutenção, de transporte de funcionários, de transportes de mercadorias, construtoras e de embalagens.
Este complexo agroindustrial não só está direcionado ao abate de frangos e suínos fornecidos por produtores integrados. Ele reúne, num só parque, unidades de produção verticalizadas, como fábricas de rações, incubatórios e parte dos fornecedores diretos. A estrutura própria conta ainda com armazéns de grãos, granja de matrizes de aves e granja de avós.
A empresa gera, atualmente, algo em torno de cinco mil empregos diretos.
A produção de suínos e aves da unidade é feita exclusivamente por terceiros, por meio de diversos sistemas de integração e contratos. Essa integração está centrada num raio de 60 km, envolvendo os municípios de Rio Verde. Montividiu, Santa Helena, Jataí, Aparecida do Rio Doce e Acreúna.
O abastecimento de farelo de soja é feito por terceiros, principalmente dos municípios de Rio Verde, Jataí e Itumbiara – este último no sudeste de Goiás; os demais insumos são fornecidos por empresas locais e de outros países. A genética de suínos é fornecida por empresas brasileiras e multinacionais. A de frango, ao menos no início do projeto, vem de uma empresa americana.
O sistema integrado da BR Foods funciona das seguintes maneiras:
Sistema de produção de ovos para o incubatório da fábrica: A Empresa entrega a matriz para o produtor integrado, que a cria produzindo ovos na sua granja. Estes são vendidos à BR Foods que os incuba. A matriz começa a pôr ovos em aproximadamente 24 semanas e é abatida em 66 semanas, quando já não produz mais aves de qualidade. A Empresa manda ainda, além dos pintos (matrizes), a ração, medicação e assistência técnica. O produtor é remunerado para criar a ave, em média em 45 dias, com base no peso atingido, idade e mortalidade.
Sistema de produção de leitões: A BR Foods fornece a matriz (mais ou menos 80 matrizes por produtor), que a engorda até atingir o peso de 25 kg. Atingido este peso, o leitão segue para a Empresa para a engorda, passando dos 25 kg para 120 kg.
Deu para imaginar o quanto gira de emprego e renda em todo este processo de produção, abate e industrialização de frangos e suínos. É muito emprego, renda. Enfim, segurança social e econômica para a região.
E sabe por que a Perdigão e a Sadia foram para a região de Rio Verde? Justamente por causa do potencial que ela tem para a produção de soja e milho; as condições edafoclimáticas e a localização privilegiada da região.
Quinto cenário:
Agora vejamos os números e o potencial do oeste da Bahia para a produção de soja e milho; frangos e suínos e de outros fatores positivos para a sua projeção nos mercados nacionais e internacionais da carne de frango e de suíno.
Com população estimada em mais de 1 milhão de habitantes, mais de 700 mil dos quais vivendo nas cidades de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras (respectivamente, 70 mil e 170 mil), os dois principais polos regionais, e em cidades mais próximas destas duas, o oeste da Bahia tem uma altitude média de 600 metros; clima variando entre 20ºC e 35ºC e um PIB geral de R$ 13 bilhões. Neste contexto se insere o município de São Desidério, o maior produtor de algodão no Brasil e um dos maiores de soja, o que lhe dar a condição de maior PIB agrícola do Brasil.
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A Ferrovia Oeste-Leste vai inserir o oeste da Bahia nos mercados internacionais com custo de logística mais baixo. (Foto: Divulgação)
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A área plantada com grãos, fibras, café e outras culturas no Cerrado baiano é de mais ou menos 2,25 milhões de hectares. A safra de seus principais produtos em 2013/14 rendeu mais ou menos de 7,5 milhões de toneladas, destas, 7 milhões foram de seus principais produtos – soja, milho e algodão. Toda esta produção registrou Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 5,5 bilhões.
Os principais produtos matérias-primas para a ração animal no oeste da Bahia tiveram as seguintes áreas plantadas e produção na safra 2013/14:
Soja: 1.310.000 hectares e produção de 3.300.000 toneladas.
Milho: 265.000 hectares e produção de 1.254.234, 3 toneladas.
Produção que gera, com sobra, alimentação animal para a demanda da região. Mas há muita terra para produzir ainda mais, garantindo a ampliação do seu parque de produção de proteína animal. São mais de 2 milhões de hectares a serem explorados em terras altas (Cerrado), respeitando as áreas de preservação e a serem preservadas.
Além deste potencial agrícola, o oeste da Bahia tem a vantagem de estar bem localizado, comunicando, por vias rodoviárias pavimentadas com as principais cidades e regiões do Brasil, mais precisamente com o Centro-Oeste, Norte e Nordeste, e, no futuro, por uma ferrovia, a Oeste-Leste, em construção, que vai ligar a região ao Porto de Ilhéus, no sul da Bahia e à Ferrovia Norte-Sul, na região central do Tocantins. A partir deste entroncamento, a produção, primária e/ou industrializada, pode seguir para o Porto de Itaqui, no Maranhão, o de maior calado entre todos os portos e mais próximo da Ásia, ou para os portos do Sul e Sudeste do Brasil. Ou seja, serão os produtos do oeste da Bahia – inclusive o frango e o suíno, no futuro – chegando ao restante do Brasil e a vários países do mundo por caminhos mais curtos e mais baratos.
ATUAL POTENCIAL DO OESTE BAIANO PARA A PRODUÇÃO DE PROTEÍNA ANIMAL: O oeste da Bahia conta com dois abatedouros de aves, um no Vale, o Frango de Ouro, em Barreiras, e outro em terras altas, o Mauricéa, em Luís Eduardo Magalhães.
Há, ainda, no Vale, um abatedouro misto (boi, caprinos e suínos). O oeste da Bahia é o segundo maior produtor de suíno da Bahia. Mas ainda há muito a ser explorado, agregando valor à produção primária.
Confira a atual capacidade de abate dos dois abatedouros de frango:
Frango de Ouro – Este abatedouro ampliou, recentemente, sua capacidade de abate para 60 mil frangos/dia e tem um aviário próprio com produção de 120 mil frangos por ciclo (120 dias). Uma oferta ainda muito pequena para sua capacidade de abate e vontade de se expandir. O restante de sua demanda é fornecido pelas granjas próprias da Mauricea, em Luís Eduardo, e pela Asa Alimentos, em Brasília.
Com inspeção estadual (SIE), abastece a região e algumas outras da Bahia. Mas espera o SIF (inspeção federal) e oferta de frangos vivos para abastecer outros estados.
Este complexo vertical trabalha desde a compra do milho e soja produzidos na região até a criação de frangos para o abate, criados em duas grandes granjas capazes de abrigar um plantel de 2,4 milhões de aves. Sua capacidade de abate é de 120 mil aves/dia.
Sexto cenário:
O QUANTO O OESTE PODE E DEVE CRESCER
Aqui neste ensaio jornalístico, muito longe de ser acadêmico e com números precisos – na verdade, os números aqui colocados são estimativas, tendo como base conhecimentos pessoais da realidade do contexto geral -, vimos que o potencial do oeste baiano para a produção de matéria-prima para ração animal é muito grande e que há condições de duplicar esse potencial, possibilitando ofertas de matéria-prima para ração, tornando a região numa das maiores produtoras de frango e suínos do Brasil e, consequentemente, numa das maiores produtoras e exportadoras dessas proteínas de origem animal.
Mas há muitas ações a serem feitas pele conjunto da sociedade; da iniciativa privada; das entidades de promoção e fomento do desenvolvimento econômico e social; dos gestores e legisladores municipais da região; do Estado e da União. Todos, uns mais e outros menos, têm uma contribuição a dar neste processo de alavancamento da produção de carnes de frango e de suínos no oeste da Bahia. Temos tudo para isto e os mercados nacional e internacional com lacunas a serem preenchidas.
Ou o oeste da Bahia preenche esses nichos de mercados, com resultados bastante positivos para sua economia e sociedade, ou outras regiões, com os nossos mesmos potenciais – ou até mesmo menores -, entram neste barco ou a região vai ficar vendo navios.
Sétimo e último cenário:
Um passo para este processo foi dado – ainda que muito lento -, pelo SEBRAE-BA, por meio de sua Gerência no oeste da Bahia; o Sindicato Rural de Barreiras; pelos abatedouros Mauricéa e Frango de Ouro; pelo agente individual, digamos assim, do desenvolvimento econômico da região, Paulo Baqueiro; pela gerência local do Banco do Nordeste, e pela empresa deste jornalista, a Cerrado Editora Comunicação e Eventos/revista Cerrado Rural.
A partir das ações deste grupo supracitado, criou-se, por orientação do SEBRAE-BA – Regional Oeste -, o Comitê Técnico da Cadeia do Frango, com o objetivo de organizá-la e prospectar, na região, pequenos, médios e grandes empreendedores com capacidade para investir em aviários integrados, no Vale e em terras altas.
Os dois abatedouros de frango na região têm interesse em se expandir, entrar no vácuo das gigantes do setor no Brasil, abastecer cada vez mais estados brasileiros e, se pensarem grande, vender seus produtos para o exterior. Mas lhes faltam alguns pontos-âncoras.
O primeiro é a oferta de frangos vivos na região, o que reduz custos com transporte. E para que isto ocorra, se fazem necessárias outras providências, tais como visão e interesse de investidores regionais e atração de empreendedores dos ramos em outras regiões tradicionais do País, como em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande Sul; políticas públicas de pesquisas tecnológicas; assistência técnica e extensão no setor; garantias mínimas para financiamentos feitos em estruturas de aviários; incentivos fiscais e linhas de créditos flexibilizadas, tanto para o granjeiro, quanto para a expansão dos abatedouros; espírito de cooperativismo e associativismo; organização da cadeia por meio de uma associação regional, entre outras iniciativas.
A agroindustrialização da região de Rio Verde, mais especificamente, a agroindústria do frango e do suíno, se fez grande graças às várias políticas públicas de incentivos e fomentos dos governos municipais, estadual e federal, a exemplo do POLOCENTRO, PND, Prodecer, PROSPERAR e do PRODUZIR, estes dois últimos do Governo de Goiás.
Aliás, Rio Verde tem tradição em receber incentivos fiscais desde o Período Imperial, por isto se destaca entre tantos outros parques agroindustriais do Brasil.
(A mão oficial dos incentivos fiscais chegou por lá por meio da Lei imperial nº 11 de 5 de setembro de 1838, que determinava o seguinte: “ficavam isentos por espaço de dez anos de pagar Dízimos de Miúnças de Gado Vacum e Cavalar os atuais habitantes o Rio Verde, além do Turvo, bem como os que dentro do prazo de dez anos forem estabelecer-se por aquelas bandas”)
A região oeste da Bahia já produz carne e derivados de frango com tecnologia e qualidade para exportação. (Foto: Divulgação)
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A região oeste da Bahia já produz carne e derivados de frango com tecnologia e qualidade para exportação. (Foto: Divulgação) |
Da nossa parte, além da criação e realização de um evento voltado para as cadeias do leite, da ave e do suíno, o Avisuleite, nós sugerimos a criação da “Associação dos Produtores de Proteína Animal do Oeste da Bahia”, reunindo numa só instituição corporativista as cadeias do frango e do suíno, nos moldes da Associação Brasileira de Proteína Animal, a poderosa ABPA, presidida – e na maleta mundo afora – pelo ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, que é uma das maiores autoridades em proteína animal no Brasil. A ABPA é a fusão das associações brasileiras de frango e de suínos.
Por que sugerimos a criação de uma associação exclusiva da região oeste? Porque as duas associações baianas de avicultura e de suinocultura estão no Recôncavo baiano, muito distantes e alheias aos interesses dos cerrados baianos.
E, ainda, entre outras sugestões, trazer da região produtora de frango de Santa Catarina e de Rio Verde, em Goiás, granjeiros com interesse em expandir seus negócios para conhecerem o potencial do oeste da Bahia para atividade econômica em foco, ou que representantes dela aqui no oeste da Bahia fossem às regiões mostrar, por meio de palestra e/ou workshops este potencial.
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Agora, os empresários da área do abate de frango e suíno, com a leitura do primeiro cenário desta história, onde o produtor rural Iron Rodrigues nos dá o exemplo de que o médio e o grande produtor de grãos podem, também, para diversificar sua produção e agregar valor à propriedade, criar frangos no sistema agregado, expectativa que eles não têm mais nos pequenos produtores/agricultores familiares do Vale – estes alegam falta de recursos e garantia para se obter financiamento de R$ 600 mil para investir num aviário.
Falta neles, também, espírito de cooperativismo.
Temos que vender nossas potencialidades e capacidade de investimentos.
Porém, um capítulo inserido nesta que pode ser uma história de sucesso na avicultura e na suinocultura no oeste da Bahia está travando todo o desenrolar deste roteiro que teria tudo para ser um sucesso de geração de empregos e rendas.
Capítulo mesclado pelo desânimo e falta de estratégia dos empresários dos abatedouros; ciumeiras de um ou de outro ator do processo de organização dessas cadeias e, entre outros, interesses políticos e partidários: quem está na oposição não tem interesse que nada tenha sucesso no município para que a facção que o comanda não leve os louros de uma conquista; quem está no poder, por sua vez, não quer ver o sucesso de uma causa onde nela constam seus adversários.
Daí vem a repressão e as retaliações de um lado e de outro, resultando no recuo dos empresários que temem o coronelismo político, e acaba virando as costas para quem ousa articular e promover o desenvolvimento, não de um só, mas do todo.
Entre não contrariar os poderosos e aliar e fomentar os ativistas do desenvolvimento preferem a primeira opção.
Que o trem das oportunidades passe por eles e sigam o seu caminho, deixando-os para trás, pensam, equivocadamente. Os coronéis passam, o desenvolvimento fica.
E este trem pode estar seguindo para outras regiões do Matopiba.